Realização de Autoimagem VS Autorrealização
- Bibiana U. Goldschmidt

- 26 de mai. de 2020
- 2 min de leitura
Atualizado: 17 de jun. de 2020
Um conflito entre o "ser para si e ser para os outros."

Você já se percebeu precisando com frequência de um suporte externo e com uma necessidade constante de ser estimado por outros? Este movimento pode estar relacionado com a falta de apoio proveniente da autoestima (sentimento de “valoração” e de definição de papéis que são resultado das percepções do indivíduo sobre si, de como as pessoas o recebem e reagem à ele). De acordo com a Gestalt-terapia, se trata de uma vulnerabilidade da função personalidade, a qual está relacionada com as nossas identidades e representações sociais.
Retomando à pergunta inicial, essa expectativa pode ser delicada, pois ao se esperar elogios encorajadores e aprovações para uma determinada realização sua, automaticamente você coloca sujeitos no lugar de seus juízes, dispostos a darem seus veredictos - sejam eles quais forem. À medida que isso acontece, passa a ocorrer uma dificuldade de diferenciação do que “é seu” e do que é do/para o outro, já que foi transferido poder e responsabilidade de promover seu próprio bem-estar para um outro alguém. Este movimento chamamos de “realização de autoimagem idealizada.”
Quando esse movimento ocorre, é como se no lugar de Self (meio pelo qual estabelecemos contato com o mundo e também nos diferenciamos de outros) houvesse um vazio, pois o sujeito está muito ocupado em parecer “isto ou aquilo” e está preso em uma ideia de que “você não deve ser o que é.” Assim, ao invés de realizar a si mesmo, se realiza a concepção do que os outros acham que deva ser (PERLS, 1969/1977).
Num movimento de busca por “adequação” aos outros/para outros podem aparecer uma série de sofrimentos. Por isso, motiva-se um conflito entre esse alguém que é constrúido pela introjeção de valores e padrões, movido por pensamentos como: “você deve, você tem que”, e um outro onde se fazem presentes valores e necessidades próprias, as quais não se enquadram em padrões fixos e que possuem uma característica autêntica, capaz de exercitar autoaceitação e autoacolhimento. Esse movimento de fluidez e identificação das suas possibilidades de satisfação é chamado de autorrealização, e porventura não é visto como algo, ou coisa, mas como um processo - de potencial à tornar-se.
REFERÊNCIAS:
Perls, F. (1969). Gestalt Terapia Explicada (7a.ed.). São Paulo: Summus, 1977.
Ilustração @mariughini




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